quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Cementerio de la Recoleta

Acordei numa bela 4f e já não estava ninguém em casa. Como neste dia não tenho aulas agarrei no Ipod e fui passear pela nossa zona da recoleta. Passando o parque Vicente Lopez, continuo até aos jardins da Recoleta. Aí decidi fazer uma visita mais a fundo do Cemitério da Recoleta.


Um pouco de história: Os frades da ordem dos recoletos descalços estabeleceram-se nos arredores de Buenos Aires no sec XVIII e aí construíram um convento e uma igreja que passou a chamar-se dos recoletos e a zona da recoleta. Quando a ordem se dissolveu, a horta do convento deu lugar a um cemitério. No final do século XIX Buenos Aires sofreu uma epidemia de febre amarela e muitas pessoas de classe alta mudaram-se para a parte norte da cidade, a Recoleta. Este bairro converteu-se num bairro fino e para tristeza de uns e alegria de outros os ricos também morrem por isso o cemitério passou a albergar as famílias de maior prestígio e poder.

Na verdade, todos os guias da Argentina e América Latina apontam este cemitério com algo imperdível e um dos tops de BsAs. Pode parecer um pouco macabro ir fazer turismo para um cemitério mas vale mesmo a pena lá dar um saltinho. É uma exposição de arte a céu aberto e mais de 70 mausoleos foram declarados monumento histórico nacional.

Os materiais utilizados incluem desde o melhor mármore, pedra e bronze tudo importado da Europa e também contempla diferentes estilos arquitectonicos. Mausoleo depois de mausoleo segue-se um monumento maior que o outro, cada vez mais rebuscado e a ostentar o poder do inquilino. Para me fazer de guia pedi ao jardineiro do cemitério para me mostrar os sítios mais interessantes o que proporcionou visistas a caixões arranhados por dentro, histórias de como a polícia profana os corpos e rouba o interior dos mausoleos e claro está, histórias de acontecimentos estranhissimos que misturam mortos e vivos e animais até onde a imaginação dele chega...

(mais uma vez tive que recorrer a internet para vos mostrar o que vi uma vez que a minha máquina de retratos está em cuidados paleativos. Tem zoom 4x mas só num deles é que consegue focar, assim a maior parte das minhas fotografias estão inutilizadas)

Depois de uma visita ao cemitério continuo um passeio pelos jardins da recoleta e vou dar um saltinho ao Museo Nacional de Belas Artes. Para além de ser à borla o que é logo um bom incentivo, contém uma amostra de pintores impresssionistas desde Sisley, Monet, Manet, Van Gogh, Gaugin etc...

Enfim, foi um dia cultural em que deu para visitar mais uns highlights de Buenos Aires e depois não dizerem que isto é única e exclusivamente fórróbódó.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pilar II


Sábado, Francisco Patrício e eu partímos para Pilar para casa do Tiago e do Diogo Galhego. Para além de irmos lá passar o fim de semana iríamos assistir a uma jogatana de polo. Entramos num autocarro e percorremos os 60 Kms acompanhados por varios casais que elegeram este veículo para fazarem o que não podem fazer em casa dos pais. Os nossos dois anfitriões recebem-nos lindamente e jantamos uma churrascada do melhor. Segue-se um pre-boliche onde não faltou nada desde música com direito a mesas de mistura à participação de numerosas amigas dos nossos anfitriões... Depois desta grande festarola seguimos para a o boliche onde passamos uma grande noitada até practicamente o fecho da discoteca. Entretanto o Francisco e eu não paramos de receber mensagens de malta de Buenos Aires a perguntar a morada de nossa em casa pois o resto dos tugas tinha aproveitado para dar alto festão em casa de BsAs.


Pilar é a capital do Polo e este é o desporto de elite da sociedade. Pensa-se que teve origem na Pérsia (antigo Irão) e servia para treinar a cavalaria de elite e com o tempo passou a ser practicado pelas classes nobres.


Estávamos a meio do Hurlingham Open e assistimos ao jogo La Dolfina Vs. Blackwatch. La Dolfina é uma das melhores equipas do campeonato e inclui o melhor jogador de Polo do mundo, Adolfo Cambiasso. Carrega o número 1 e usa um capacete com as cores da Argentina.

Claro está que assistência do jogo era muito selecta. Só mulheres lindas de morrer, extremamente elegantes e um ambiente expectacular. Depois de uma grande joga, ainda ficámos por lá a beber umas copas e a apreciar um fim de tarde muito bem passado. Ainda fomos ver os campos de polo da Ellerstina, outra grande equipa Argentina. (Infelizmente não levámos máquina de retratos e por isso tivemos de recorrer à net.)

Tiago e Diogo, muito obrigado pelo fim de semana, adorámos!!

P.S - Mais uma vez foi possível confirmar que a Argentina tem provavelmente as mulheres mais bonitas do mundo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

jaquim

e um pequeno e estupido comentario mas e so porque nao consigo entrar em contacto com o joaquim quadros, a.k.a quim maluk, o penas e o patrigol ja falaram ctg mas eu nao.
quim, se me estas a ouvir, obigada por vires ca, ca te esperamos em grande,
grd abr pa todos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

RIVER PLATE vs BOCA JUNIORS


Se há algum programa que nao se pode faltar nesta grande cidade é claramente o clássico River-Boca, e foi mesmo isso que eu e o Federico Nigra tentámos nao deixar escapar.
Visto que nenhum de nós se tornou socio do river ( por enquanto) tivemos que recorrer aos meios ilegais de venda de bilhetes, a já bem conhecida "candonga" , o que mesmo assim não se tornou facil , tanto para encontrar como para a carteira, mas tinha que ser...
Eu e o federico dois dias antes do jogo arranjamos uns contactos e fomos ter com um tal senhor que nos arranjava os bilhetes. Para descrever o sitio , era mais ou menos um mini centro comercial peruano no meio de uma avenida nao muita bem frequentada, em que la dentro tinha um alfaiate, e era mesmo aí que se encontrava o senhor Javier que logo nos pediu para entrar la para dentro para que ninguem reparasse no negócio. Passados dois minutos ja tinhamos os bilhetes conosco ainda na duvida se seriam verdadeiros ou não... Entretanto nesse mesmo dia a Xiquita e a Diana Horta e Costa que estao ca de visita ligaram-nos para arranjar mais dois bilhetes e lá conseguimos que o grande Javier nos arranjasse mais dois.





Dia 19 de Outubro, domingo e a cidade pára completamente, ninguém na rua, difícil apanhar um taxi para o jogo, as atenções estão viradas para o grande clássico. Duas horas antes do jogo la vamos os dois para o Estadio Monumental - Antonio Vespucio Liberti - " El Monumental del River". As ruas complemente cheias de gente como eu nunca tinha visto e tudo a cantar ca fora as músicas da claque ( Borrachos del táblon) , um verdadeiro espetaculo. Mal entramos no estadio ja estavam quase cheias as bancadas, isto porque, antes do jogo, joga o escalão abaixo entre river e boca também. O River ganhou 1-0 e o ambiente era como se tivesse sido o jogo normal. No que toca ao jogo principal, é claramente um ambiente inesquecivel, nunca vi nada assim e penso que nao deve haver igual nos outros paises sem ser o nosso porque nao tem nada a ver... foi sem duvida o melhor ambiente futebolistico em que estive envolvido, verdadeiro espetaculo...estadio todo a cantar, claque gigante e um ambiente de festa constante em todo o lado.

















RIVER PLATE 0 - 1 BOCA JUNIORS



Tenho a dizer uma vez mais que o nivel de futebol deste país é claramente inferior ao nosso, nao se percebe como é que as equipas jogam completamente paradas e pior, parece que se estão a cagar pa tudo. Falando por mim que sou do River , mostrei a minha indignaçao durante quase todo o jogo tal como os adeptos que estavam ao meu lado, o River ao estava a jogar nada , uma verdadeira vergonha e banho de bola que tava a levar do rival Boca, a única coisa que me fez ficar contente foi o facto de o Ibarra (ex jogador do porto) ter sido expluso(injurias ao arbitro). O Boca resume-se a Riquelme e mais 10. Deixo agora aqui um aviso para os que gostavam de vir a BA, que tentem vir numa altura em que haja um classico porque é sem duvida um momento inesquecivel...



Disfrutem das imagens e videos:








Fotografias da Diana ( segundo anel , bancada sul)







Videos:


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Guerreros del Arcoiris

Andava a 2 semanas com este fim-de-semana em Rosário na cabeça, desde que o Figo (tuga que também está cá em BA a tirar um curso de fotografia) me mandou um email com fotografias espectaculares e que dizia… 3 dias, 1 ilha deserta, praia, trance e chill out non stop...


Confesso que nunca me tinha interessado muito nem ouvido música trance e à primeira impressão um festival com o nome guerreros del ARCOIRIS pode ser um bocado duvidoso, mas só a ideia de estar 3 dias numa ilha deserta desde logo me convenceu…

Precisava de 4 coisas: um saco cama, uma tenda, bilhete para o festival e alguém que alinhasse vir, por isso comecei a tentar arranjar apoiantes cá em casa, mas ninguém se mostrava muito interessado com a ideia, a não ser o Toni que tinha um teste na semana a seguir e não podia ir! (ainda tentei convencer o Ricardo a dizer que havia comida macrobiótica, e o Engenheiro a dizer que havia martelada, mas nada)
Liguei ao Figo, disse-me que curtia ir ao festival e que até tinha uns amigos espanhóis que iam mas tava no Uruguay e não sabia se ia chegar a Buenos a tempo de ir…
Não há crise hei de arranjar alguém para ir, pensava eu, mas faltavam quatro dias e só tinha 1 das 4 coisas que precisava: o saco cama do Toni!
Quarta-feira liga-me o Figo e diz-me: “Já estou em B.A. e tenho umas coisas para fazer, mas consigo despachar isto e vamos ao festival a Rosário no fim-de-semana, já somos 6 e temos tendas para todos, amanhã vamos comprar os bilhetes, se quiseres compro para ti…” Não precisava de ouvir mais nada!
Sexta-feira as 10 da matina encontramo-nos no Retiro (terminal de autocarros) e o Figo apresentou-me ao Pablo (espanhol) e à Celi (argentina) e entramos os 4 para o autocarro para uma viagem de 3 horas e meia até Rosário. Pelo caminho falei com o Pablo, que eu não sabia que era um expert em festas de trance, já tinha ido 2 vezes ao Boom e 1 vez ao Freedom em Portugal e também costumava organizar festas com os amigos em Barcelona… (comecei a sentir que era ali era só malta da pesada e eu o único que não percebia nada de trance!)

Chegamos a Rosário e já lá estavam o Nacho (também espanhol) e o Robin (italiano) que tinham chegado um dia antes para conhecer a famosa noite rosarina (ver post de rosário) e arrancamos todos a procura de um supermercado para comprar mantimentos para os 3 dias sem contacto com cidade (muita fruta, cenouras, bolachas, agua e álcool).

Depois fomos directos para o ponto de encontro onde ia chegar o barco para nos levar para a ilha, onde já estavam umas de dezenas de hippies… Tivemos de esperar uma hora pelo barco que se atrasou um bocado.



Apanhamos o barco ao fim do dia, lusco fusco, e toda a gente estava muita divertida e na expectativa para ver onde é que o barco nos ia levar, começámos a navegar a fundo ao longo de uma praia completamente deserta e com selva como painel de fundo e passado 5/7 minutos já estava de noite.

Passados uns 30 min de viagem, já completamente de noite, o barco começa a abrandar e o cenário que vemos é incrível…


A música já estava a bombar, um granda electro que se ouvia prai a 5 km dali, saímos do barco para a praia e a primeira coisa a fazer é encontrar um bom sítio para montarmos as 4 “carpas” (tendas). A ona de acampamento do festival já estava completamente cheia de gente amontoada a montar tendas, então decidimos ir explorar a ilha e encontrar um sítio sem ninguém, eu, o Figo, o Pablo, Nacho e a Celi metemo-nos selva adentro completamente às escuras e passado um bocado ficámos malucos com um riozinho que passava pelo meio da ilha que estava completamente iluminado por milhares de pirilampos… estava encontrado o spot perfeito.

Montámos as tendas e levámos as comidas para uma fogueira gigante ao pé da praia onde estava toda a gente a fazer assados e beber copos, jantámos qualquer coisa e conhecemos imensa gente boa onda. Passadas umas horas fomos conhecer a “cúpula” (como eu e o figo chamávamos à tenda azul) que já estava cheia de gente a dançar, e quase nem se conseguia estar dentro da cúpula com o barulho da música… (até se devia estar a ouvir em Lisboa!) puntz puntz puntz, só martelada…
O figo levou o tripé e tivemos a sacar as fotografias que vocês podem ver (o puto tem jeito), estava uma noite espectacular, um granda calor, o céu completamente CHEIO de estrelas que se reflectiam na agua à nossa frente, e toda a gente na praia a “cortire” a música.

A meio da noite (figo já estava na tenda desde as 3 da manhã morto) decidimos ir conhecer a zona de chill out, que se tinha de ir por um caminho muita estreito por dentro da selva com tabletas durante prai 20 min, até que chegamos a uma clareira com uma fogueira ao fundo com montes de colchões no chão e desenhos florescentes por todo o lado, e um dj muita discreto entre duas arvores que passava o melhor chill out que eu já ouvi na vida… Descansamos os ouvidos que já estavam um bocado castigados pela martelada da cúpula, num sitio onde até a pessoa mais stressada do mundo sentiria paz de espírito. Tivemos a conversa imenso tempo, o Pablo a contar-me histórias de Barcelona, o Nacho sempre a fazer qualquer coisa artesanal com a faca dele, e o Robin e a Celi à conversa, uns adormeceram outros ficaram perto disso…

Acordei no sábado bastante cedo, na tenda das comidas, já com o sol à vista, encontrei o figo e o pablo fora da tenda e a música ainda se ouvia lá ao fundo, “não acredito que ainda há malta lá que não dormiu” disse o figo, já estava um calor do caraças então vestimos um fato de banho e fomos ver o que é que se passava na praia, ainda havia pessoas a dançar todas aceleradas, e com o calor que estava fomos directos para a agua.

Passei o dia todo na praia, a martelada parou às 2 da tarde e começou a tocar uma banda com violinos, flautas e batuques, e tivemos a dar uns toques com uns argentinos, fomos passear pela praia para conhecer a ilha, fiz uma aula de yoga na praia (percebi que a minha flexibilidade está terrível) e conhecemos autênticos hippies com os quais “no pasa nada boludo!”

Por volta das 6:30 a cúpula começa outra vez a bombar com um fim de tarde absolutamente incrível e com toda a gente na praia. O figo sempre com a máquina e tripé a sacar ftgs únicas…

Foi uma longa noite de grande som e animação, tínhamos combinado que ninguém dormia, e fui o último resistente até as 11 da matina! Figo outra vez uma “decepção” e às 4 da manhã… se quedaba dormiendo en la carpa!

Domingo acordei as 2 da tarde, novamente na tenda das comidas (não sei porque!), com o Nacho a mexer em tudo à procura de bolachas, já estava toda a gente fora das carpas, e fomos outra vez para a praia onde a festa continuava…




Ao fim da tarde, desmontar as carpas, ir para o barco onde quase toda a gente adormeceu com um fim de tarde outra vez espectacular (céu cor de rosa!) e um sentimento de que daqui a pouco estamos de volta à civilização. Apanhamos o bus as 9 da noite de volta a Buenos…



Foi uma experiencia muita boa, “diferente” diziam uns, “inesquecível” diziam outros, mas fiquei com a impressão de que sem dúvida algures pelo mundo existirá um “universo paralelo” ao estilo do filme “The Beach” onde as pessoas estão em festa 24 horas por dia num ambiente exótico e longínquo…

Fotografias by Frederico "Figo" Tamagnini